Nesta quadra festiva, a Biblioteca Escolar Rui Grácio, numa
escola na qual cabem também alunos de diversos países com diferentes culturas, nem
todas as famílias irão celebrar o Natal.
Uma coisa é certa: todos irão, nesta pausa escolar, ter mais
tempo para renovar energias para o regresso no próximo ano que se avizinha.
É nosso desejo que pensem nestes dias que nos separam (alunos, professores e funcionários) , como
um momento em que deveremos renovar a nossa solidariedade para com colegas,
amigos e família, com ou sem celebrações em casa.
Trata-se, sem dúvida, de um tempo (a alargar a todos os dias
e meses do calendário) para pensarmos que , como alguém afirmou um dia:
“ninguém é uma ilha”, o que significa que, sozinhos, sem sabermos estar atentos
aos outros, qualquer época festiva se esvazia de sentido, qualquer dia do ano
nos vai retirando a capacidade de pensar, dado crescermos melhor como equipa alargada e não isolados. Precisamos uns dos outros no trabalho, na família e no quotidiano.
Por isso mesmo te deixamos dois textos de grandes poetas –
David Mourão-Ferreira e José Tolentino de Mendonça - , que nos despertam para o sentido importante da vida. Os alunos só crescem se souberem ser equipas na
turma e os professores, pela profissão que exercem, só a conseguem melhorar a cada dia pensando, para lá da "sua" sala e em equipas de trabalho. São estas mudanças a permitir a inovação numa escola que se quer deste século, uma escola que permite aos mais novos o fortalecimento do conceito de cidadão pleno, com pensamento crítico, solidário e capaz de solucionar os desafios diários, durante e após ter cessado o seu papel de aluno.
Natal, e não Dezembro
Entremos, apressados,
friorentos,
numa gruta, no bojo de um navio,
num presépio, num prédio, num presídio,
no prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
porque esta noite chama-se Dezembro,
porque sofremos, porque temos frio.
Entremos, dois a dois: somos duzentos,
duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
a cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos, despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
talvez seja Natal e não Dezembro,
talvez universal a consoada.
David Mourão-Ferreira, in 'Cancioneiro de Natal'
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O Natal não é ornamento
[…]
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará.
José Tolentino de Mendonça
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